Como não vi o filme ainda...
O diretor da vez é o alemão Florian Henckel von Donnersmarck, vencedor do Oscar de filme estrangeiro por A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen, Alemanha, 2006), que, ironicamente, já estava nos planos de Sydney Pollack (1934 - 2008) para um remake americanalhíssimo. Pois bem, Florian Henckel foi incumbido (intimado?) de refilmar Anthony Zimmer: A Caçada (Anthony Zimmer, França, 2005), de Jerôme Salle. O resultado pode ser visto na superprodução O Turista (The Tourist, EUA, França, 2010). Um filme que, trocadilhos à parte, é realmente (ou tão somente) uma viagem de puro glamour. A elegância do elenco impressiona, mas o deslumbrante figurino de Angelina Jolie, criado por Colleen Atwood, é digno de Oscar.
Angelina Jolie (que nunca esteve tão linda) é Elise Clifton-Ward, uma estranha mulher que chama a atenção por onde passa (ou melhor, desfila) cumpre religiosamente as “ordens” que recebe através de bilhetes. Numa luxuosa viagem de trem, entre Paris e Veneza, ela se insinua para o americano Frank Tupelo (Johnny Deep), um professor de matemática, que (como todos os homens que a vêem) acaba magnetizado por ela. Mal sabe ele que acabou de ser fisgado para o centro de uma história onde as aparências enganam.
O Turista é um filme que está muito mais próximo do cinema europeu do que americano. É bom ressaltar que tem um ritmo (lento) que o espectador dos explosivos e sanguinários filmes policiais americanos não está acostumado a ver (e não vai gostar). Mas, pelo clima de romance, pode agradar ao público feminino que odeia filme de (muita) ação e (muita) violência. A sua narrativa é despretensiosa e se desenrola sem pressa, como se o tempo fosse mero detalhe. Às vezes dá a impressão de se espelhar nos canais venezianos, que vão para todo e nenhum lugar, ou que vai emborcar, mas acaba encontrando prumo.
Pra quem já se cansou de ver filme policial com gente, carro, trem, avião, barco etc, explodindo, este thriller, pra lá de romântico, pode ser uma alternativa. A trama, que parece um misto de Sidney Sheldon (1917 - 2007) e Raymond Chandler (1888 - 1959) com Barbara Cartland (1901 - 2000) e Nora Roberts, tem suspense, desejo, mistério, paixão, em uma curiosa sofisticação de literatura barata. E aqui não há nenhum demérito ao sofisticado das livrarias e ao barato das bancas de revista. A fotografia de John Seale e a primorosa direção de arte de Jon Hutman são puro requinte. A estética pode até esconder alguma falha ou simplicidade do adocicado roteiro, mas funciona."
Fonte: http://claqueouclaquete.blogspot.com/2011/01/critica-o-turista.html
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